Michel Alcoforado propôs uma reflexão moral dos indivíduos, como instrumento para governança empresarial

O antropólogo Michel Alcoforado, PHD em Consumo, escritor, colunista e comentarista, subiu ao palco da CONESCAP propondo uma reflexão: como um rico do Brasil se comporta em diferentes lugares. Em sua apresentação, a cultura foi trazida como um elemento de organização social, em que ela se torna a “forma como enxergamos o mundo”.

A partir desse ponto, Alcoforado trouxe o conceito de que as pessoas interpretam o mundo por questões econômicas e pelo poder de consumo de cada um. Isso gera uma sensação de crise constante em que as instituições públicas, privadas, as convivências profissionais, e até mesmo as familiares, se estabelecem por frágeis relações, gerando um “pânico em todo tecido social”, porque a conduta às premissas morais são sobrepostas pelo poder econômico, gerando um sentimento de frustração social constante.

“Você anda de avião, toma um refrigerante, aceita determinada marca, graças aos ativos de reputação e imagem das empresas. Nada é natural, é algo construído a serviço do sistema”, interpreta Alcoforado.

Por este estado de crença ou desconfiança, a ética no Brasil tornou-se contextual, algo que podia em um momento, agora não pode. Fatos estes que são interpretados como o popular “jeitinho brasileiro”. Nesse contexto, o palestrante traçou três pontos fundamentais para criação de uma cultura de governança eficaz nas empresas.

Três pontos de governança fundamentais para os negócios

1. A cultura deve estar conectada com os valores de cada empresa, estando disponíveis e enraizados por todos os colaboradores, de todos os níveis da organização, sem exceção.
2. A transparência é outro ponto fundamental. Não só da porta para fora, mas ela deve fazer parte das decisões compartilhadas em grupo, ao contrário, essa fragilidade se manifesta ao público impactando negativamente seu produto ou serviço.
3. O último ponto, não menos importante, é a comunicação. As empresas que negociam em grupo, avançam. “É melhor um líder que fale demais, do que fale de menos”, deixando claro que a inovação deve ser compartilhada sempre com todos os membros da empresa.

Carlos Spall
Jornalista – SESCON GF
MTB: 15807